sexta-feira, 20 de março de 2009

Capítulo XIV - A Experiência


Lentamente Jeitosinha foi recuperando a consciência. Nos primeiros minutos, aquele cenário de ficção científica parecia apenas um sonho estranho. Mas à medida que as imagens ganhavam formas e cores, e que aflorou em sua mente a lembrança dos últimos momentos no carro, um pânico indescritível tomou conta da nossa heroína. Seu grito agudo acordou Arlindo que, como ela, encontrava-se atado a uma chapa metálica, quase verticalmente.
A sala estava deserta mas, minutos depois, duas criaturas entraram no ambiente. Mesmo sendo de uma espécie muito diferente, Jeitosinha sentiu que aqueles seres estavam muito tristes. Seus enormes olhos revelavam esta condição. Usando um estranho aparelho, que acoplado à sua boca funcionava como um tradutor, a criatura que parecia liderar as demais dirigiu-se ao casal:
- Creio que lhes devemos explicações.
Jeitosinha e Arlindo estavam paralisados pelo medo. O ser continuou:
- Meu planeta está passando por uma crise terrível. Construímos uma civilização poderosa e avançadíssima. Controlamos toda a nossa galáxia, mas estamos condenados à extinção.
Os rostos curiosos dos irmãos não moviam um só músculo, enquanto o alienígena narrava sua história.
Ele explicou que, por um capricho da biologia que a ciência não conseguiu contornar, estava nascendo em seu planeta um número infinitamente inferior de mulheres em comparação com o número de homens. Pelos cálculos dos cientistas, em não mais que quinhentos anos seu povo terá desaparecido, a não ser que se encontre uma alternativa para reverter o quadro.
- Numa análise superficial - continuou a criatura - percebemos que talvez fosse possível utilizar as terráqueas para gerar nossos filhos. Se a idéia se confirmasse, nossa intenção era a de exterminar todos os homens e levar conosco as mulheres. Minha missão veio à Terra com o propósito específico de analisar a anatomia feminina e autorizar a operação.
O homem verde deixou-se desabar numa cadeira, vencido pelo desânimo.
- Mantivemos você sedada por seis horas - disse, dirigindo-se a Jeitosinha. - E descobrimos, depois de estudá-la, que a máquina humana é muito mais complexa do que esperávamos. Vocês, mulheres terráqueas, são bastante parecidas com os homens.
Jeitosinha esforçou-se para não demonstrar sua enorme alegria ao ser confundida com uma mulher. Sem querer ela havia salvo a raça humana da destruição total.
- Vamos libertá-los e partir atrás de outros mundos. - concluiu.
Já de volta ao carro, ainda atônita por aquele turbilhão de emoções, Jeitosinha abraçou seu irmão e inimigo:
- Você entende, Arlindo? Minha vida tem um sentido! O que são nossas rusgas do dia-a-dia diante desta experiência tão avassaladora?
Arlindo afastou Jeitosinha e esboçou um sorriso pálido.
- É, irmã. Foi interessante. O dia está nascendo e devemos voltar para casa. Mas, como a vida continua, amanhã você estréia no bordel.

N.A.: Eu sei que foi bem estúpido incluir ET's nessa trama, mas eles tiveram (e terão) um propósito fundamental no desenrolar da história. Logo logo eles se vão, não antes de terminar aquilo que começaram.


Como será a estréia de Jeitosinha?

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