quarta-feira, 18 de março de 2009

Capítulo XII - As Pretensões de Arlindo


Jeitosinha não acreditava no que acabara de ouvir. Desde a revelação do seu trágico segredo, sentia-se num pesadelo sem fim. Não bastasse todo o ódio em seu coração, o estranho desfecho da morte do pai e a perda de Bruno, seu amado, agora nossa heroína era chantageada pelo irmão cruel.
- Você quer que eu me prostitua?
- Sim. - concordou o irmão, secamente, com a voz desprovida de emoção. - Existe um bordel de luxo aqui perto. Pessoas exóticas como você podem ter um bom valor no mercado.
- M-mas... eu sou virgem! Sou inocente! - retrucou Jeitosinha, aos prantos.
- Então você tem até amanhã para aprender o que precisa.
Arlindo deixou o quarto da loira batendo a porta. Adenair entrou em seguida, curioso para saber o que acontecera. Jeitosinha contou resumidamente a história.
- Não pode ser! Você precisa matá-lo também! - reagiu o enrustido, batendo o pezinho nervosamente.
- Sim, mas não poderei fazê-lo agora. Não com o estranho desaparecimento do corpo de papai. Precisamos desvendar primeiro este mistério. - disse Jeitosinha, recompondo-se.
- Então você...
- Não resta outra alternativa, Adenair. Terei que me submeter aos caprichos de Arlindo. E, pode ter certeza, amanhã estarei mais pronta do que ele pensa!
Naquela noite, pela primeira vez desde o rompimento, Jeitosinha voltou ao apartamento de Bruno. Encontrou-o em estado de total desespero, ébrio, sorvendo doses e mais doses de uísque barato.
- Você destruiu a minha vida! - lamentou o jovem.
A loira, usando um vestidinho curto, sentou-se no seu colo. Numa explosão de luxúria, enfiou a língua na boca de Bruno antes que ele pudesse esboçar qualquer reação. Num primeiro momento, ele retribuiu ao carinho, mas logo lembrou-se de que estava beijando um homem. Rejeição e desejo se sucediam em ondas na mente do rapaz. Mas ele havia bebido bastante e amava Jeitosinha.
No dia seguinte, consumada uma louca e apaixonada noite de amor, a loira acordou e viu Bruno, em pé, contemplando-a . Ela abriu um sorriso, mas não foi retribuída.
- Você é tão bonita... - murmurou o rapaz, em um semblante que sugeria lamento, mais do que elogio.
- O que você achou da nossa noite, meu amor?
- Eu... eu estou confuso... foi tudo muito diferente... me vi fazendo coisas que nunca imaginei ser capaz de fazer.
- Calma amor... - respondeu docemente Jeitosinha. - Sente-se aqui ao meu lado. Vamos conversar melhor sobre isso.
- Bem, - respondeu Bruno, com um sorriso sem graça - podemos até conversar. Mas sentar eu não consigo.

Jeitosinha e Bruno irão se reconciliar?

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