segunda-feira, 30 de junho de 2008

know thyself

Muitas vezes temos a pretensão de conhecer como funciona a cabeça de outra pessoa. Quem de nós já não foi pego dizendo "Eu te conheço muito bem!" Geralmente dizemos isso a quem está próximo, com quem compartilhamos o espaço, com quem temos intimidade. Os pais adoram falar isso aos filhos e vice-versa, as esposas aos seus maridos e vice-versa. Sempre tive dúvidas quanto à capacidade do ser humano em entender a pleno o funcionamento do seu semelhante. É claro que existem pessoas previsíveis e que cada um de nós é um pouco psicólogo, uns mais que outros. Mas fico imaginando o quanto deve ser difícil, pelo alto grau de complexidade, entender a mente humana e suas sinapses, o que me leva a crer que este conhecimento do outro se dá simplesmente pela observação dos seus padrões de comportamento. Sem nenhuma intenção de desqualificação, pelo contrário, as grandes ciências psicossociais se baseiam na simples observação de modelos existentes. Os melhores psico-profissionais (?) são aqueles mais sensíveis e que conseguem perceber as nuances do comportamento, enquanto que os pacientes mais complexos são os sutis e os dissimulados.Essas minhas divagações têm um propósito. Recentemente, e felizmente, algumas idéias aclararam-se e fui capaz de perceber coisas novas, não com relação aos outros, mas a mim mesmo. Tentar entender o outro sem entender a si é como tentar andar de moto quem nunca andou de bicicleta. O autoconhecimento coloca-nos um patamar acima, é um degrau que não se deve pular. Ser mestres de nós mesmos nos dá a autoridade da primeira pessoa, ou seja, aquilo que dizemos que pensamos é realmente o que pensamos. Somente nós temos acesso privilegiado aos próprios pensamentos, portanto o que o outro diz sobre nós não possui a mesma autoridade.
"Conhece-te a ti mesmo", dizia o oráculo de Delfos, explicitando que autoconhecimento não se vende em supermercado, não cai do céu e não pode ser herdado. É uma conquista, uma realização do sujeito e para tanto ele precisa refletir e interpretar a si mesmo. Obviamente trata-se de algo difícil de ser alcançado dado à natureza humana e a sua dificuldade em fazer autocríticas. O desejo de saúde e liberdade nos leva a continuar tentando ser pessoas melhores e, acima de tudo, ser nós mesmos.

sábado, 28 de junho de 2008

downbeats

Quem visita esta página pode ouvir, se quiser, Trip-Hop. Minha mais recente paixão dentro da música eletrônica. Googleando por aí descobri que, basicamente, o Trip-Hop é música eletrônica em slowtempo, marcada batidas desaceleradas e pelo uso de instrumentos convencionais e acústicos. Apesar de ter surgido na Inglaterra, a origem do Trip-Hop, assim como toda a música eletrônica, está ligada ao House, estilo que surgiu no começo da década de 80, quando diversos músicos dos EUA (especificamente de Chicago, Nova York e Detroit) resolveram refazer eletronicamente a música disco dos anos 70, fundindo com R&B, Funk e Soul.
Dentre os vários artistas e grupos que compõe essa vertente temos: Tricky, Portishead, Massive Attack, Morcheeba, Air, Goldfrapp, Lamb, Moloko, Sneaker Pimps, Thievery Corporation e por aí vai... Vale a pena dar uma procurada por aí pois existem diversas páginas que dispõe de links para baixar álbuns inteiros.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

nunc et in hora mortis nostrae

Esta semana o Telecine Cult nos brindou com uma verdadeira jóia. O filme "O Leopardo" (Il Gattopardo) de Luchino Visconti, 1963, baseado no livro homônimo de Giuseppe Tomasi di Lampedusa. O ganhador da Palma de Ouro no Festival de Cannes em 1963 conta uma parte da história da unificação da Itália, Il Risorgimento, sob o ponto de vista de um aristocrata, o Príncipe de Salina, que, após o desembarque de Giuseppe Garibaldi na Sicília percebe o início do fim da aristocracia rural e da sociedade construída à base de benesses e privilégios. A partir de então começa a trabalhar a união de seu sobrinho com a filha de um rico burguês. O matrimônio significa a conciliação da aristocracia falida e decadente com a burguesia enriquecida e ascendente. É tudo aquilo que o príncipe deseja. Mudar sem tirar as coisas do lugar.
Além da beleza plástica podemos nos deliciar com as interpretações magestosas de Burt Lancaster, Claudia Cardinale e Alain Delon. Uma das seqüências mais bonitas da história do cinema, que dura 45 minutos, é no final do filme, um longo baile em que nobres e burgueses compartilham o mesmo espaço, fato até então inimaginável. Fabrizio de Salina passeia pelos diversos salões da mansão em que o evento se realiza. Sente a morte se aproximar. Percebe que seu tempo já passou. Que não faz mais parte daquele mundo. Crônica de uma morte anunciada. Morte não física, mas sobretudo da alma e do espírito. Resta-lhe retirar-se desta vida, em direção à escuridão.

Algumas curiosidades sobre o filme e o livro:
  • O livro se inicia com a frase final da oração da Ave Maria: "Nunc et in hora mortis nostrae" (Agora e na hora da nossa morte).
  • O nome do romance teve origem no brasão da família Tomasi e é assim referido: "Nós éramos os leopardos, os leões; esses que nos substituíram são os chacais, as hienas; e todos os leopardos, chacais e ovelhas continuarão a acreditar no sal da terra."
  • O livro foi primeiramente recusado para publicação, esta só ocorrendo postumamente.
  • Em edição de luxo, lançada pela Versátil, o filme chega finalmente ao Brasil em sua versão original italiana de 185 minutos, 20 minutos mais longa que a versão da Fox, que circulava até então. Nela, o clássico retoma suas cores originais mais crepusculares do que as da edição americana, restauradas pelas mãos habilidosas de Giuseppe Rotunno, diretor de fotografia do filme.
  • O autor Tomasi di Lampedusa era, ele próprio, um príncipe decadente, assim como Visconti, sabidamente um aristocrata e também comunista.
Obrigatório para quem gosta pelo menos um pouquinho de cinema. Buono divertimento!

sábado, 21 de junho de 2008

traffic and the city

Sinceramente, eu adoro morar em São Paulo. O grande aglomerado de 20 milhões de pessoas me excita, me diverte, me dá oportunidades, me mostra coisas novas todos os dias, me faz crescer. Talvez por isso tenho repetido, desde que cheguei aqui, que não conseguiria viver em qualquer outra cidade brasileira. Este sou eu, um ser urbano por excelência. Nem sempre foi assim, óbvio, mas esse lugar é como Coca-Cola, depois que se conhece, não se quer saber de outra coisa. Afinal, por que raios estamos neste mundo se não para conhecer a tal da felicidade? Suponhamos que felicidade=saúde+amor+$$$, a questão é onde conseguir juntar os três fatores que, somados, dariam o resultado da equação? E é aí que entra o lugar que escolhemos para viver. Claro que há os que conseguem obter tudo isso, digamos, no interior do Piauí, mas por uma questão de simples estatística, no meu caso, é mais provável que a felicidade esteja em alguma das 64.385 esquinas da cidade.
Como tudo o que é superlativo, os problemas tampouco são pequenos. E um dos vilões da moda é o trânsito. Quando até os otimistas prevêem um colapso em 5 anos, aí começo a me preocupar. Soluções a longo prazo à parte, os endinheirados já têm a sua:




São apenas números:
  • 6 milhões de carros, 1.000 novos a cada dia;
  • 469 helicópteros, superando Nova York e Tóquio;
  • 420 helipontos, 75% do total brasileiro e 50% a mais que em todo o Reino Unido;
  • 70 mil vôos de helicóptero ao ano, 7 vezes mais que em Londres;
  • 820 pilotos que podem ganhar até US$100.000 ao ano.
Alguém ainda acha que $$$ não faz parte da equação da felicidade?

sexta-feira, 20 de junho de 2008

a point of view

O ensaio com meu amigo fotógrafo foi, como eu previa, divertidíssimo. Escolhemos um local bastante interessante. Uma torre com altura equivalente a 40 andares de onde se tem uma visão panorâmica de 360º da cidade de Curitiba. As fotos ficaram lindas, como podemos observar. E não poderia ser diferente. Felipe Fontoura é uma pessoa especial, talentoso, criativo e de uma sensibilidade única. Confiram no seu blog e hão de concordar comigo.
Creio já ter comentado sobre seu projeto, "O Lugar de Cada Um", onde ele escolheu cem pessoas das mais diversas faixas etárias e níveis sócio-culturais para mostrar um lugar que tenha um significado especial para cada um. Mal posso esperar para ver publicado.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

nice neighborhood

E já que estive em Curitiba vou aproveitar pra falar um pouco da cidade. E falar bem! Parece incrível mas notei coisas novas e boas pra se fazer por lá: novos bares, cafés, restaurantes, lojas. O que achei mais legal foi um teatro de 2.400 lugares inaugurado por José Carreras em março. Finalmente o povo tá percebendo que entretenimento e cultura são importantes e que o setor de serviços pode ser bastante lucrativo.



Agora, vamos combinar, chamar o Batel de SoHo é, no mínimo, ridículo. Daqui a pouco vão querer batizar o Champagnat de Chelsea, o Portão de NoLIta, a Água Verde de TriBeCa e o Boqueirão de DUMBO. Tô curioso pra saber onde será o Village...

segunda-feira, 16 de junho de 2008

the first cry

Talvez não exista, em toda a Medicina, momento mais emocionante que o nascimento de um novo ser. Se para os pais dar à luz é uma experiência única, para nós, médicos, isso faz parte do cotidiano, do dia-a-dia e, no caso de algumas especialidades, repete-se várias vezes durante as 24 horas. Não significa que esta freqüência de nascimentos torne o parto banal. No meu caso, assisto a vários partos todos os dias e ouso dizer que um nunca é igual ao outro. Existe uma rotina a ser cumprida, é verdade, mas aquele momento principal quando o feto sai do útero, expande os pulmões pela primeira vez e chora, este momento é singular e capaz de emocionar os mais céticos. E é assim nos quatro cantos do mundo...


sexta-feira, 13 de junho de 2008

friends, photos and a birthday party

Depois de alguns anos voltei a Curitiba pra passar o fim de semana, rever os amigos e comemorar meu aniversário. E tenho uma desafio pela frente: encontrar um lugar, qualquer lugar, que tenha sido importante pra mim aqui na cidade. Um amigo fotógrafo está se dedicando a este projeto de fotografar "O Lugar de Cada Um". Confesso que estou apreensivo, não pela sessão de fotos em si, mas pela escolha desse local. É tarefa árdua, talvez porque hajam tantos ou tão poucos. Espero não decepcioná-lo, mas será, no mínimo, divertido.
O mais legal de tudo é que vão fazer uma festinha pra mim na casa de uma amiga, porque quando a gente entra nos 'enta' tem que ter alguma coisa assim, senão, além de triste é deprimente. Acho que vai ser ótimo pois ela mora numa casa afastada e perto de um dos parques mais bonitos da cidade, então dá pra fazer bastante bagunça e barulho. E também porque vou rever todas as pessoas que foram importantes pra mim e que, neste ano, fizeram muita falta. Saudades deles.
Domingo volto pra casa e quero ver se consigo reunir a 'tchurma' paulistana também.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

big little soccer team

É sobre-humano, inexplicável, incompreensível  esse sentimento que dá quando o Corinthians perde um jogo. Alguns ficam irritados, exaltados, alterados; outros ficam cabisbaixos, chochos, desanimados. Bem, a grande maioria, como eu, fica em estado de graça, afinal, mais gostoso do que ver o seu time ganhar é ver o Corinthians perder!




Sarve o Curíntia
O Campeao dos Campeao (eô, eô)
Eternamenteeeeeeeee
Dentro dos nosso coração!!!

Sarve o Curíntia,
Das tradição e grórias mil
Tú es o orgulho
dos esportista do Brasil.

O trecho acima do hino do timão timinho foi cantado por um mano analfabeto e banguela da ZL típico torcedor alvinegro momentos antes do jogo contra o Sport, em Recife, que marcou 2 gols a ZERO e conquistou o tíitulo de Campeão da Copa do Brasil e o direito de disputar a Taça Libertadores da América em 2009.

chemistry party

Por quê, às vezes, sentimos atração por determinadas pessoas que fogem um pouco do nosso padrão? Bem, a explicação pode estar na "química"...

segunda-feira, 9 de junho de 2008

good news

A Apple anunciou hoje a chegada do novo iPhone 3G e o início da operação em mais de 70 países até o fim deste ano, dentre os quais, esperamos, o Brasil. Na primeira fase o serviço de terceira geração será implementado em 22 países, incluindo a Europa, Canadá, México, Austrália, Nova Zelândia, Hong Kong e Japão, com início previsto para o próximo dia 11 de julho. Eu sei que tem muita gente que comprou iPhone desbloqueado e o usa normalmente aqui no Brasil, mas todos que eu conheço apresentaram algum tipo de problema, isso sem contar a perda de algumas funcionalidades e a impossibilidade de atualização. Esperamos agora que a Apple nos inclua e que também possamos usufruir desta nova tecnologia.

uncomfortable

O tetracampeão em Roland Garros tem hábitos esquisitos. Entra em quadra sempre com o pé direito, sem pisar nas linhas. Do início ao final do jogo, as garrafas de água ou isotônico ficam no mesmo e exato lugar onde deixaram as marcas de umidade. Mas é antes de sacar que Rafael Nadal nos brinda com uma série de atitudes típicas de quem sofre de TOC: cospe no piso e passa o pé em cima, arruma as madeixas atrás das orelhas, bate o saibro do solado com a raquete e, a mais intrigante delas, arruma a cueca que insiste em penetrar no rego. Já virou motivo de chacota entre seus pares, como o sueco Robin Söderling que, durante um jogo em Wimbledon em 2007 o imitou nesse seu gesto mais estranho. Fica uma sugestão ao Nadal: troque de cueca ou simplesmente não use nada por baixo. Deve ser mais confortável e nos livra do dissabor de ver esse tipo de cena antes de cada serviço. Se não adiantar e a coceira no rabo insistir em incomodar, talvez uma pomadinha ajude.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

faces

A Hillary parece que não vai conseguiur nada além de ser vice do Obama. Os americanos acham que a imagem dela está muito ligada ao marido e ex-presidente Bill. Será?


sampler

Ainda batalhando na campanha pelo fim da inclusão digital, deixo aqui mais uma contribuição. Alguém acha que tem condição?
Ingredientes para uma foto de pobre:


1 tubo de Kolene
1 cadeira Marabraz
1 sandália de três estações passadas

Modo de preparo:
Lambuze o cabelo de Kolene para controlar o volume e te deixar com aquele ar de acabei-de-sair-do-motel. Calce as sandálias e sensualmente coloque o pé na cadeira. Se ainda não tiver acabado de pagar as parcelas, tome cuidado com o estofado. Para dar um toque mais profissa, leve a cadeira para o quintal.

*

Mas eu não tenho uma cadeira da Marabraz em casa! Como proceder?


Opa, não se desespere! Qualquer banquinho serve e você ainda pode tentar poses mais ousadas.

*

Ok, gostei da pose mais ousada, mas eu não tenho nem um banquinho em casa! Me ajude!


Calma! É só botar a mão no joelho e quebrar de ladinho.

*

Achei simples demais.



Sem problema. É só chamar uma amiga!

*

Ai, posso chamar duas?


Demorô.

Copiado descaradamente do tdud?

segunda-feira, 2 de junho de 2008

the million dollar gadget

Às vezes, por mero exercício matemático, gosto de ficar imaginando o que poderia comprar se tivesse um milhão de dólares. Ora, para alguns seria uma verdadeira festa sem fim, para outros significaria estabilidade e segurança. Mas existem aqueles que, com esta quantia, comprariam o seu laptop. Isso mesmo. Apenas 1 (um) laptop! Claro que não seria um equipamento qualquer. Ele seria feito à mão por artesãos ingleses e o cliente poderia escolher os materiais e acessórios do computador, incluindo madeira, couro e jóias. A Luvaglio é uma empresa britânica especializada em artigos de luxo. Acessando o seu site em http://www.luvaglio.com/ você poderá contactá-los e agendar uma visita ao escritório, em Londres, na 91 A Drayton Gardens ou enviar um email e aguardar o retorno, que costuma demorar cerca de três meses. By appointment only, of course.